Floresta: muito mais que carbono!

Qual o valor da floresta retratada nessa foto?

Valor: essa palavra que possui tantas camadas de significado, mas que o Google a resumiu simplesmente como “recebimento ou paga em bens, serviços ou dinheiro por algo trocado”. Fiquemos com essa definição.

Obviamente essa floresta é um bem e seu valor está sujeito às leis de mercado, mas não é só isso. Ela presta uma série de serviços ecossistêmicos, que afeta, direta ou indiretamente, diversas pessoas e não apenas seu proprietário. Esses serviços ecossistêmicos podem ser tangíveis (e.g. produção de água, manutenção da biodiversidade, sequestro e estoque de carbono…) ou intangíveis (e.g. relação cultural entre povos e a floresta, capital estético…). A diferença entre os serviços tangíveis e intangíveis está na dificuldade de se atribuir um valor a eles. Mas ambos são serviços prestados para a sociedade e possuem um valor. A sensação de dirigir na rodovia SC-390 através da Serra do Rio do Rastro (foto), mesmo que seja difícil de quantificar, possui valor inquestionável.

A questão que fica é: se a floresta presta serviços para toda a sociedade, não é obrigação de todos “pagar” por sua conservação? Se a resposta para essa questão for afirmativa, como vamos medir esse valor e estabelecer um preço a ser pago? E quem vai pagar?

Foi com esse intuito que o mercado de crédito de carbono foi idealizado em Kyoto em 1998. Bom, se é difícil quantificar todos os serviços ecossistêmicos, e se é difícil convencer a sociedade a pagar por eles, vamos pegar um dos serviços, talvez o mais urgente – sequestro de carbono – e cobrar de quem mais emite carbono para a atmosfera. Ideia simples!

O Aquecimento Global, como o próprio nome diz, é um problema Global, ou seja, precisamos trabalhar como espécie (Homo sapiens sapiens) para resolvê-lo. Em outras palavras, países com histórico de conflitos precisam trabalhar juntos, com um único propósito: reduzir e emissão e aumentar o sequestro de carbono. Essa não foi uma tarefa fácil, mas em 2005, após a Rússia ratificar, enfim o protocolo de Kyoto entrou em vigor e o mercado de carbono foi estabelecido. Muita comemoração para o que seria, talvez, o maior sistema de pagamentos por serviços ecossistêmicos que já inventamos, mas, veio 2008, crise econômica global e junto com ela um banho de água fria no mercado de carbono.

Desde 1998, muita água passou pelo Rio do Rastro, e algo interessante vem acontecendo. O trabalho de conscientização feito pela comunidade científica, mídia, educadores, dentre outros, tem surtido efeito. Houve uma mudança importante no padrão de consumo. Hoje buscamos produtos com menor pegada ambiental, ou seja, que causa menos danos ao meio ambiente.

As empresas entenderam isso e estão assumindo o compromisso de causar cada vez menos impacto ao ambiente e de neutralizar ou mitigar o impacto causado. E com isso, o mercado voluntário de carbono tem ganhado força. Por fim entendemos que, se for esperar para todos os países entrarem em um acordo sobre nosso impacto na ecologia do planeta, talvez seja tarde demais. É hora de fazermos algo nós mesmos, e com isso incentivar os demais.

E o que é esse mercado voluntário de carbono? Sendo bem simplista são empresas e/ou pessoas que geraram um passivo ambiental (e.g. emitiram carbono para a atmosfera) e querem contratar alguém para sequestrar esse carbono emitido. É aí que entra as florestas.

A árvore é a máquina mais eficiente já inventada para retirar carbono da atmosfera! Sim, as vezes temos que simplificar uma floresta a uma máquina de sequestrar carbono, e assim, quantificarmos e valorarmos, para que o proprietário rural que decidiu restaurar uma área florestal ou preservar as florestas existentes receba por isso. Mas, tendo sempre em mente, floresta não é só carbono. Se tiver alguma dúvida sobre isso, faça uma trilha “no meio do mato”, tenho certeza de que essa dúvida desaparecerá.

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