Características do relevo influenciam de forma direta na produtividade das culturas e com o eucalipto não é diferente. O relevo governa os efeitos da distribuição de água no terreno, da exposição das plantas à radiação solar, das condições de mecanização, que em conjunto podem impactar positiva ou negativamente a produtividade florestal.
Água
A distribuição de água em superfície e subsuperfície é um dos principais fatores influenciados pelo relevo com fortes efeitos na produtividade. É comum observarmos áreas em colheita e notar que as árvores da região inferior de um terreno declivoso são mais altas que as árvores na região superior. Isto se dá justamente pelo escoamento lateral de água no relevo. É importante notar que estes efeitos se dão na escala do talhão e também entre talhões (talhões à montante “cedem” água para talhões à jusante).
Além do fluxo lateral de água e considerando que o eucalipto é uma cultura de raízes profundas, alçando 70-80% de sua altura (em solos sem camadas de impedimento), em algumas situações é possível que haja acesso à água subterrâneas, notada pela indicação da distância vertical do cultivo em relação a drenagem mais próxima. Essa distância está indiretamente relacionada à profundidade do lençol freático. Estes indicadores podem auxiliar no planejamento de plantio como o espaçamento e alocação de clones quanto à sua tolerância ao estresse hídrico, por exemplo.
Radiação
Comumente negligenciado como recurso ao crescimento, a radiação solar é a fonte primária de energia ao crescimento vegetal através da fotossíntese. Por sua vez, sofre influência da latitude, época do ano, das características do relevo e nebulosidade. No hemisfério sul (maior parte do Brasil), talhões localizados na face norte recebem mais radiação. Estes efeitos são notadamente mais pronunciados quanto mais declivosa a área e mais ao sul nos deslocamos.
Mecanização
Sabemos dos grandes avanços da silvicultura em termos de mecanização de áreas declivosas, contudo sabemos também que existem diversas escalas operacionais (da mais tecnificada à mais rudimentar) e o relevo impõe desafios operacionais que a depender das condições podem gerar restrições à profundidade do preparo de solo, à capacidade de aplicação de fertilizantes, à quantidade de intervenções relativas ao controle da matocompetição, entre outras. O dimensionamento da capacidade operacional em áreas declivosas pode ser um forte determinante da produtividade nestas áreas.
Considerações gerais
Em geral, as espécies de eucalipto ocupam áreas adjacentes às atividades agrícolas, com relevo mais ondulado e declividades mais acentuadas. Nestas condições, o componente arbóreo contribui para estabilização do solo, no controle da erosão, favorecendo a infiltração frente ao escoamento superficial de água. Considerar os aspectos relacionados ao relevo pode incrementar a produtividade florestal e refletir na sustentabilidade da produção a médio e longo prazo.